terça-feira, 1 de novembro de 2011

Universo Headbanger: A livre e excitante vida sobre duas rodas.


Atenção: Esse post é melhor apreciado ao som de Saxon e Deep Purple.

Um tema sempre tratado em músicas de heavy metal é a Liberdade. Não apenas como um tema abstrato, mas contemplado em suas mais diversas formas. Mesmo quando uma banda não é muito inspirada politicamente, pode ter certeza que em alguma música a liberdade vai ser exaltada, mesmo que seja a liberdade de não ser inspirado politicamente. Esse sentimento de liberdade propagado pelas músicas de metal, além da sua alma contestadora, não poderia deixar de dialogar com o mundo de duas rodas.

Ser motociclista e fazer parte de um clube de motos é mais do que gostar de andar de moto, envolve todo o estilo de vida: A forma de se vestir, o jeito de falar e, principalmente, o jeito de ver o mundo. Apesar de grandes defensores da liberdade, internamente esses grupos têm suas próprias regras, uma estrutura organizacional algumas vezes rígida e um grande comprometimento com a sobrevivência do grupo. Dentro destes clubes há uma complexa relação de símbolos e rituais que asseguram a ligação do membro com seus “irmãos”.



A origem dos clubes de motociclistas como conhecemos tem muito a ver com o sentimento do pós-guerra no fim dos anos 40. Devido às experiências vividas em batalha, alguns veteranos não conseguiam aceitar levar uma vida pacata dentro dos moldes convencionais. A guerra mexe com a cabeça das pessoas e é difícil viver uma vida padrão após sucessivas experiências com altas taxas de adrenalina. A guerra do Vietnã foi também uma grande catalizadora deste tipo de indivíduo, pois, além de ter sido uma guerra longa e difícil, os veteranos eram hostilizados pelos crimes de guerra cometidos pelos militares como um todo. Somado a isso, muitos dos veteranos de guerra tiveram contato com motocicleta durante os treinamentos e ações de guerra. Além disso, o sentimento de lutar lado a lado com seus companheiros de batalha, arriscar a vida por eles e vê-los morrer para defender o grupo ajudou a criar em alguns veteranos essa cultura da "irmandade".

A imagem dos motociclistas na sociedade é muito controversa e as opiniões são muito polarizadas. Enquanto alguns os veem como bárbaros sobre rodas, vivendo à margem da sociedade e gerando insegurança, para outros eles são verdadeiramente livres e levam a vida fora da lógica repressora de nosso mundo. Enquanto a mídia os trata como gangues, eles preferem se ver como um clube. Nada muito diferente do que acontece com os headbangers, principalmente os fãs de estilos mais agressivos.

O termo inglês para designar os motoclubes tradicionais é “Outlaw Motorcycle Club” ou então os “1%” esses nomes vieram de uma confusão em uma cidade americana chamada Hollister em um evento organizado pela “American Motorcyclist Association” (AMA) que disse em um pronunciamento que os envolvidos representavam apenas 1% dos motociclistas presentes no evento. Alguns clubes então romperam com a AMA e se autoproclamaram os “1%” ou os “foras-da-lei”. Aqui no Brasil quando nos referimos aos clubes desse tipo apenas usamos o termo “tradicional”.



Não dá pra categorizar logo de cara todos os clubes de motociclistas como foras-da-lei ligados a arruaceiros e sem nenhuma relevância para a sociedade. A ideia dos clubes de motocicleta segue a lógica de “irmandade” Como diria “Maz” Harris do Hell’s Angels em sua autobiografia: “os motociclistas também são uma raça de homens que não se enquadram” citando um poema de Robert Service. Os clubes de motocicleta enxergam de forma diferente quem está dentro dele (insiders) e quem está fora (outsiders). Um clube pode até mostrar como funciona a dinâmica do grupo e algum de seus símbolos para um outsider, mas só um insider realmente tem acesso a todas as informações.

Nos EUA os Outlaw Motorcycle Club se dividem por regiões, diferentemente do Brasil, lá você não pode simplesmente criar um clube, pois, provavelmente, já existe algum clube dominando sua área. Dentro destes clubes (mesmo aqui no Brasil) há uma hierarquia e demora um pouco até que o iniciante seja realmente aceito. Estes clubes se identificam através de brasões e cores e, em geral, se respeitam mutualmente. A organização interna varia de grupo para grupo e não é muito divulgada. Os grandes clubes têm sedes em diversos lugares do mundo, têm marca registrada e até fazem ações de caridade.



As semelhanças com o mundo do heavy metal são marcantes. A própria forma de se vestir, a noção de moral mais individualizada e, principalmente, a não conformidade em relação ao senso comum são pontos de encontro que ligam fortemente os dois universos. É comum ver integrantes de bandas entrarem de moto no palco, como os caras do Manowar ou o Rob Halford do Judas Priest. Mesmo nas capas de CDs e nas letras das músicas, frequentemente há referencia ao mundo dos motociclistas como na Motorcycle man do Saxon: “Eu posso derrotar sua máquina de rua. Nós estamos assumindo riscos é isso que estamos dizendo, porque sou o homem de motocicleta”.

Mesmo eu não sendo um grande entusiasta do veículo motocicleta, acho que a cultura envolvida é muito interessante e acrescenta de forma positiva o heavy metal. Diferentemente do que acontece em um carro, ou em um avião, na imagem de alguém dirigindo uma moto há quase que uma simbiose entre o homem e a máquina. Quando alguém dirige uma moto a pessoa ainda está, de certa forma, fora dela. Viajar de moto produz uma sensação de unidade com o ambiente, você não está isolado dentro de uma máquina, você está em cima dela. A ideia de juntar os amigos e viajar sem saber por quanto tempo é tentador de mais para não virar tema de boas músicas.



4 comentários:

  1. Poxa, eu acho super legal e gostaria de viver um dia que fosse dentro de um clube desses. Você vê que nesses clubes, os caras são verdadeiros um com os outros e também com seus princípios próprios.
    Acho que eles também tem muito haver com Manowar e com AcDc e com tudo que é banda de metal, na verdade!!!

    =**, Jowzinha

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  2. Muito bom seu post. E parabéns pelo blog.
    Sempre preferi motos a carros, e ninguém entendeu quando comprei uma, principalmente o porque de gostar tanto de moto. Mas fazer o que se sou fascinada pelas duas rodas e sempre me imaginei rodando sem rumo em cima de uma moto. Acredito que me encaixaria muito bem num desses clubes. ;)

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  3. Cara... Por conta do certo medinho de motos, tenho uma paixão por elas, mesmo nem sabendo andar!

    já fui 2x em uma reunião de motoclubes e a simplicidade que eu pude observar nele me absorveu. Não sei se era "apenas aquilo", mas esse apenas é o que eu quero sempre pra mim.

    Sentar, ouvir um bom Rock e beber cerveja com meus amigos... Pra que mais?

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