Tantos
escravos neste mundo
Morrem por
tortura e dor
Tantas
pessoas não enxergam
Eles estão
se mantando, enlouquecendo.
Tantas
pessoas não sabem
Escravidão
está sobre a raça humana
Eles
acreditam que escravos sempre perdem
E este medo
os mantém submissos
Cuidado com
os condenados – Deus os abençoe
Eles vão
quebrar as correntes
Não, você
não pode detê-los – Deus os abençoe
Eles estão
vindo te pegar!
E você terá
suas bolas no muro, cara
Bolas no
Muro
Você terá
suas bolas no muro, cara
Bolas no
Muro, Bolas no muro
Você pode
confundir a mente deles
Você pode
sacrificá-los também
Você pode
deixa-los em carne viva
Você pode
estuprar todos eles
Um dia os
torturados se levantarão
E se
revoltarão contra o mal
Eles te
farão beber o próprio sangue
E te farão
em pedaços
É melhor
tomar cuidado com os condenados – Deus os abençoe
Eles vão
quebrar as correntes
Não, você
não pode detê-los - Deus os Abençoe
Eles estão
vindo para te pegar!
E você terá
suas bolas no muro, cara
Bolas no
Muro
Você terá
suas bolas no muro, cara
Bolas no
Muro, Bolas no muro
Vamos!
Ei cara,
vamos nos erguer perante o mundo
Vamos enfiar
uma bomba no cu de cada um
Se eles não
nos deixarem viver
Nós vamos
lutar pelos nossos direitos
Construa um
muro com os corpos e você estará a salvo
Deixe o
mundo apavorado
Vamos me
mostre o sinal da vitória
E você terá
suas bolas no muro, cara
Bolas no
Muro
Você terá
suas bolas no muro, cara
Bolas no
Muro, Bolas no muro
Hoje farei um post totalmente contraditório com o raio x da semana
passada, falarei da revoltada “Balls to the Walls” do Accept. A letra dessa música é daquelas que, de imediato, não toca
no coração e nem faz refletir tanto – ela vai direto às entranhas e, se você se
deixar levar, o sentimento de vingança e ódio se apodera imediatamente.
A música faz uma análise seca e amarga da sociedade: somos escravos.
Apesar de a palavra ser forte, não chega a me surpreender este tipo de
comparação. Levando essa análise para a época em que a música foi composta (1983),
é importante lembrar que o muro de Berlim ainda estava de pé. O socialismo já
estava em decadência e a geração que nasceu após a segunda guerra mundial já
estava na casa dos 40 anos. Os motivos que dividiam a Alemanha em duas já não
aparentavam tão legítimos. A diferença econômica entre essas duas Alemanhas já
era gritante e clara, o muro de Berlim provavelmente foi a principal inspiração
de Balls to the Walls.
Mas, pra mim, essa análise pode extrapolar a Guerra Fria e ainda pode
ser aplicada a nossa realidade. Temos o nosso sentimento de liberdade, mas será
que somos livres na prática? Já experimentou pensar em algum estilo de vida
fora do padrão das “44 horas semanais”? Será que é realmente necessário que todos
nós vivamos nossas vidas em função de nossa vida profissional? É difícil pensar
em uma alternativa diferente dessas que não envolva diversos sacrifícios. Mas
será que vale a pena gastar 26% de toda nossa semana? Atribuindo 1h diária para
o transporte 1h para o almoço e 8h de sono, você tem para viver apenas um terço
de sua semana, isso se você não faz nenhum tipo de curso.
Existem duas coisas que nos prendem nessa vida “padrão”. A primeira é
a moral. Há a concepção de que o trabalho é necessário para a formação do
caráter do indivíduo. Há uma ideia muito difundida de que não se pode ser “vagabundo”,
e esse estigma é atribuído inclusive às pessoas que estudam e também às que
trabalham de formas não convencionais (como free lancers, por exemplo). A
segunda coisa é a valorização do consumo. Apesar de ser possível viver
tranquilamente em um emprego que nos dê mais autonomia e tempo livre, há uma
pressão para que tenhamos o máximo de produtos possíveis para que possamos nos
encaixar nos padrões. Ter um carro, roupas de marca, frequentar lugares caros é
muito mais importante para a sociedade do que ter tempo para aproveitar essas
coisas.
Seja o opressor o capitalismo ou o socialismo, a música defende uma
postura radical em favor da liberdade. A história da humanidade é preenchida
por várias grandes civilizações em que poucos governavam e muitos obedeciam.
Apesar dos avanços a lógica ainda permanece essa. É muito difícil destituir
alguém do poder apenas com negociações, quanto mais toda uma classe. Os
exemplos de verdadeiras mudanças de poder são sempre coloridos com muito
sangue. Muitas vezes não percebemos que aqueles que estão no topo da sociedade
morrem de medo do que os que não estão podem fazer. E, de acordo com a Balls to
the Walls, eventualmente os “condenados” fazem alguma coisa.
Depois de um período de marasmo, estamos passando por uma época que as
pessoas no mundo estão percebendo que algo precisa ser mudado. Os diversos
movimentos que estão surgindo no mundo inspirados no “Ocupe Wall-Street” são
uma demonstração que, pelo menos parte dos jovens, não vão mais aceitar o
governo em favor dos 1% (que não são os motoqueiros do post anterior) e que os
governos têm que dar um jeito de resolver a falta de renda que a crise de 2008
gerou. Que proporções esses movimentos vão tomar é difícil dizer, imagino que
as coisas na Grécia ainda vão ficar muito feias, e é possível que jovens de
países como Portugal e Espanha aprendam com o exemplo. Acho que a União Europeia
está assinando seu atestado de óbito com a política de passar as dívidas
contraídas para o povo. Enquanto eles não começarem a encontrar formas de
produzir mais, a bola de neve das dívidas tende a crescer até que o povo tenha
que tomar as rédeas da situação.
Você acha mesmo que as pessoas estão mudando e querendo fazer alguma coisa? Eu sei que há alguns movimentos, mas isso sempre existiu, só que sempre é uma meia duzia que tenta fazer alguma coisa.
ResponderExcluirMas a grande maioria continua sem fazer nada. Eu tenho minhas duvidas se as pessoas querem mesmo fazer alguma coisa para mudar o mundo....
Eu acho que a grande maioria nunca vai querer fazer nada porque é sempre mais confortável manter o presente do que se arriscar em um futuro incerto.
ResponderExcluirMas, como já dito no livro "1984" de George Orwell, a história das revoluções é sempre uma disputa entre a uma "classe média" e quem está no poder, ou seja, a disputa é sempre elitizada. Acho que, mesmo que a maioria não se mobilize, é possível que haja mudanças em um futuro próximo. Só que não posso garantir que vai ser para melhor ;)