Não há nada especial nisso
Isso existe quer você nasça ou não
Pessoas dotadas com talento não são grande coisa
Bem-vindo à morte de um século.
Porque o ontem não significa nada
O que aconteceu, aconteceu e não há nada no meio
Ontem não significa nada
Porque o amanhã é o dia que você tem que encarar
Não há como voltar ao passado
Ontem não significa nada
Ontem não significa nada
Reviver velhas avaliações
É uma ferramenta inútil de confusão
Não prenda sua respiração para se virar
Entre no mundo de
possibilidades infinitas
Porque o ontem não
significa nada
O que aconteceu, aconteceu e não há nada no meio
Ontem não significa nada
Porque o amanhã é o dia que você tem que encarar
Não há como voltar ao passado
Ontem não significa nada
Ontem não significa nada
Eles irão te falar sobre culpa
E na hora certa você enfrentará a escuridão
Mas a escuridão é uma amiga para você
Abrace e voe através da loucura
Voando passados Deus, guerras e conflitos
O opressor em você
Arando pelas mentes e paranoia
O opressor em você
O opressor está em você
O que aconteceu, aconteceu e não há nada no meio
Ontem não significa nada
Porque o amanhã é o dia que você tem que encarar
Não há como voltar ao passado
Ontem não significa nada
Ontem não significa nada
Eles irão te falar sobre culpa
E na hora certa você enfrentará a escuridão
Mas a escuridão é uma amiga para você
Abrace e voe através da loucura
Voando passados Deus, guerras e conflitos
O opressor em você
Arando pelas mentes e paranoia
O opressor em você
O opressor está em você
Porque o ontem não significa nada
O que aconteceu, aconteceu e não há nada no meio
Ontem não significa nada
Porque o amanhã é o dia que você tem que encarar
Não há como voltar ao passado
Ontem não significa nada
Ontem não significa nada
Ontem não significa porra nenhuma
Para te proteger e eu guardarei pra mim mesmo
É assim que tem que ser!
O Raio X de hoje é de uma música que
vai mais direta ao ponto do que de costume. Como uma boa música de thrash
metal, a melhor forma de passar uma ideia é mostrar claramente o que você pensa
sobre o assunto, sem muitos rodeios. A significação do passado é o alvo da “Yesterday
Don’t Mean Shit” do Pantera.
A tese da música é clara: O
passado não importa, o que realmente importa é como você vive o “hoje”. Não
acho que a intenção seja o esquecimento completo do passado, mas sim a sua
superação. A impressão que a música passa é que o passado não deve ser um peso
na hora de lidar com o presente, quando erramos temos que ser fortes o
suficiente para não deixar esses erros influenciarem negativamente nossas
decisões.
Acho que o auge da música é o
trecho: “Ontem não significa nada porque o amanhã é o dia que você tem que encarar”.
A ideia, apesar de simples, carrega um conselho muito difícil de ser seguido. Muitas
vezes agimos de forma errada, ou, pelo menos, contra nossa vontade, para
concertar equívocos do passado. Deixamos de ser e fazer o que queremos pelo que
éramos e acreditávamos anteriormente. Algumas vezes é difícil aceitar as
mudanças, é difícil perceber que as nossas antigas convicções não mais fazem
sentido e que não nos tornamos quem nós projetamos.
Tente se lembrar de como você era
há 10 anos, você se reconheceria hoje? Esse seu “eu” do passado se orgulharia
do que você se tornou? Ele concordaria com suas crenças atuais, com suas visões
de mundo, com sua rotina e com todo o resto que faz você querer sair da cama e
enfrentar um novo dia? Acredito que a mensagem da música é que isso não importa
mais, porque nós mudamos e isso é bom.
Quem leu o livro 1984 de George
Orwell (se ainda não leu, você não sabe o que está perdendo!) deve se lembrar
da visão do personagem O’Brien da realidade (que resumia a visão do partido
único opressor): A realidade só existe no
espírito e em nenhuma outra parte. O personagem questiona Winston, protagonista
do livro, se o passado existe em algum lugar, se ele está acontecendo
paralelamente ao presente. A conclusão de Winston é que o passado existe apenas
nos registros e na memória das pessoas. Porém, a partir disso, O’Brien mostra
que o passado não é algo fixo, considerando que o partido controla os registros
e que a mente individual é falha.
Essa referência ajuda a reforçar
a relativização que a “Yesterday don’t Mean Shit” faz do passado. O passado não
é uma “coisa”, ele não é algo que existe fora da gente. Se um vírus surgisse e
acabasse com a vida na terra, nada do que aconteceu antes teria a menor
importância para o resto do universo (a não ser que outros seres inteligentes
resolvessem estudar nossa história). O que a gente faz e as coisas que acontecem
desaparecem no exato instante seguinte, a não ser que fique registrado na
memória de alguém, ou em alguma outra forma de registro. Filosoficamente
falando, os nossos fantasmas do passado só nos assombram porque nós permitimos,
o que passou não tem existência necessária, essas coisas só influenciam o
presente se alguém não for capaz de esquecê-las.
Claro que esse tipo de visão é
muito polarizada. Não é porque o passado pode ser esquecido que ele deva ser
esquecido. O passado pode ter uma função parecida do mito, no sentido de nos
dar exemplos, de nos fazer refletir sobre o presente. Quando o mito diz que Eva
e Adão comeram do fruto proibido e que, graças a isso, Jeová expulsou o casal
primordial do Jardim do Éden, a importância não é explicar literalmente o
passado, mas ajudar a entender o presente. Essa história não teria valor nenhum
se não fosse pela sua simbologia, ela ajuda a entender o pecado, a relação
entre o homem e a mulher, a questão do conhecimento, do prazer e de várias coisas
a partir da visão bíblica.
No mundo menos espiritual que
vivemos hoje em dia, muitas vezes os mitos místicos não conseguem mais nos
servir como guia para avaliar o presente e a história materialista acaba cumprindo
essa função. Experimente tentar ver um personagem icônico como Hitler de uma
forma menos polarizada e veja a reação das pessoas. Muitas delas não irão
aceitar com facilidade. Um personagem demonizado como Hitler é importante para
reforçar certos valores atuais, o valor de ainda sabermos quem ele era e o que
ele fez não é apenas o mero registro. O que importa é que ele acabou se
tornando, no imaginário coletivo, uma personificação dos erros da civilização no
século XX. A trajetória dele e do nazismo mostrou para onde o racionalismo
impessoal e a supervalorização do progresso técnico-científico pode nos levar
se não houver uma maior reflexão crítica desses processos.
É claro que isso é só a minha
visão e que a música em si valoriza muito mais o hoje do que eu,
particularmente. Na tradução dessa letra no Whiplash, o tradutor diz que essa música
foi uma resposta aos críticos que insistiam em lembrar do início glam metal da
banda. Caso isso seja verdade, a mensagem é clara: você deve avaliar a
qualidade de algo baseado apenas nele, não deve deixar os preconceitos ofuscar
a verdadeira essência do presente. Não é porque o Sol nasce todos os dias no
horizonte que ele vai continuar nascendo para sempre, e nada impede que a
aurora de amanhã seja a mais bela de todas.
Acho que essa música não é uma versão politizada do ontem, hoje ou amanhã. Podemos encarar dessa forma, claro!!! Afinal as palavras tem milhões de significados e quando pensamos que ela está sendo usada em um sentido, ela está sendo usada em outro completamente diferente. Eu consigo encarar o fato aí de que Phil Anselmo sempre usava as músicas do Pantera pra expressar seus sentimentos confusos devido a ser um usuário de drogas e essa palavra do "ontem não importa" e tudo mais, pode ser também uma face do que o vício em drogas faz com você. Quando se é viciado em drogas, o que passou não importa. Importa o que vem pela frente.
ResponderExcluir=**, Jowzinha
Normalmente eu não curto bandas de Thrash/ death metal por causa do vocal gritado/ gutural. Mas Pantera é diferente nesse sentido, dá pra entender o que o cara fala, e essa guitarra crua e dura é foda demais.
ResponderExcluirMuito bom o post também, acho que este é um blog de música com uma proposta única.
Pantera, grande banda
ResponderExcluirGosto muito das letras das musicas deles
R.I.P. Dimebag
Achei este post irado. Concordo com o que disse, e me amarro nesta música, e me identifico muito com ela.
ResponderExcluirCurti demais o post, gosto de como você apresenta interpretações para as musicas levando em conta o lado politico e cultural da época ^^
ResponderExcluirDC.