Louco, mas é assim que as coisas
são
Milhões de pessoas vivendo como
inimigas
Talvez não seja tarde demais
Para aprender a amar
E esquecer como odiar
Feridas mentais não têm cura
A vida é uma vergonha amarga
Estou saindo dos trilhos num
trem maluco
Estou saindo dos trilhos num
trem maluco
Eu escutei os pregadores
Eu escutei os tolos
Eu vi quem abandonou os estudos
Que fazem suas próprias regras
Uma pessoa condicionada
A mandar e controlar
A mídia vende isto
E você vive o papel
Feridas mentais ainda gritam
Deixando-me louco
Estou saindo dos trilhos num
trem maluco
Estou saindo dos trilhos num
trem maluco
Sei que as coisas estão saindo
erradas para mim
Você precisa escutar minhas
palavras
Herdeiros de uma guerra fria
Foi o que nos tornamos
Herdando problemas
Estou mentalmente anestesiado
Louco, eu simplesmente não
consigo suportar
Estou vivendo com algo
Que simplesmente não é justo
Feridas mentais não têm cura
Quem e o que culpar
Estou saindo dos trilhos num
trem maluco
Estou saindo dos trilhos num
trem maluco
Mais um clássico do heavy metal será analisado no raio x de hoje. Nada
mais, nada menos que Crazy Train de Ozzy Osbourn. Ozzy talvez seja a figura
mais icônica do Heavy Metal, quase como se fosse a caricatura do próprio estilo
que ele ajudou a inventar. Crazy Train é uma música que, além de ser uma ótima composição,
parece dizer muito do que se passa na cabeça do príncipe das trevas (que
apelido foda, pqp!)
Como era de se esperar, a música é meio louca. Em alguns momentos
parece um elogio à própria loucura, em outros, a loucura é próprio problema. O
que fica claro na música é a crítica à “normalidade” que é pregada pela
sociedade. O interessante é que em
nenhum momento ele diz que, ao sair do ponto comum, você terá alívio. Pelo
contrário, a música é quase um manifesto de alguém que desistiu deste mesmo
“alívio”.
Este ponto é interessante, você pode viver a vida que esperam de você
e sofrer por não poder dar vazão a seus anseios, ou você pode abandonar os
estereótipos e, talvez, se perder em uma busca pela identidade. Pelo visto, foi
a segunda alternativa que o eu lírico escolheu (e aposto que também o próprio
Ozzy). A música não é muito animadora, ela indica que há uma pressão externa
para que sejamos algo, mas este “algo” não condiz com o que realmente queremos
e podemos ser.
Crazy Train não fica só em uma reflexão abstrata, ela aponta alguns
culpados. No final da letra ela entrega uma das fontes do problema: a Guerra Fria.
No meio da música, a mídia é citada como uma pressão externa e isso não é
nenhuma novidade, mas quando a letra aponta o dedo para o período de embate
entre os EUA e a URSS, as possibilidades de análise (leia: possibilidades de viagem)
começam a sair um pouco do clichê.
A guerra fria, como o próprio nome já entrega, foi uma guerra
disputada por meios não convencionais. Era uma guerra principalmente de
propaganda. Não importava tanto se cada um estava satisfeito individualmente,
mas que todos acreditassem que trocar de sistema econômico pioraria muito as
coisas. No lado capitalista era importante mostrar a prosperidade e as diversas
oportunidades. Basicamente, se você estivesse infeliz, a culpa era sua.
A publicidade em geral é muito policiada hoje em dia. Ela ainda segue
a lógica de tentar te convencer a gastar seu dinheiro ou seu tempo em algo.
Porém, por mais idiota que nós (consumidores) aparentamos ser, aprendemos a não
engolir qualquer coisa que nos vendem com o tempo. Além do fato de a própria
concorrência entre as marcas mostrarem, eventualmente, as contradições dentro
do que nos é vinculado. Isso faz com que a publicidade no século XXI procure
ter alguma relevância em suas estratégias e não tentar vender algo que não
queremos. Mas, no auge da guerra fria, as coisas eram diferentes. Você precisava
odiar os comunistas! A melhor forma de te convencer isso é fazer com que você ame o
capitalismo e acredite em todas as suas promessas.
Um grande grupo de pessoas (o Ozzy incluído) foi criado em uma época na qual se acreditava
que só o que você precisava para ser feliz era seguir corretamente a cartilha
do “american way of life”. Muitos buscaram incessantemente por isso. Mas, no
momento que esperavam colher os frutos, alguns se decepcionaram. Perceberam que
mesmo tendo estabilidade financeira, poder de consumo e uma família padrão,
você ainda pode ter aquele sentimento que tem algo faltando, porém, você não
tem mais nenhuma cartilha para te dizer como preencher esse vazio.
Esse sentimento de angústia pode ser atribuído a outros fatores além
da decepção com o modelo ocidental. Normalmente ficamos muito satisfeitos
quando atingimos certos objetivos na vida, como por exemplo, cursar uma
faculdade, conseguir um bom emprego etc. Porém, quando nos damos conta, nem
mesmo começamos a aproveitar a nova vida e já estamos dedicando todos os nossos
esforços para cumprir outro objetivo futuro. Se não pararmos de vez em quando e
nos dedicar a nós mesmos, a vida acaba se tornando uma corrida para morte.
É claro que é possível que nada disso tenha passado na cabeça dos
caras na hora de compor essa música, talvez tenha passado muito mais coisa. Mas
o legal de uma obra de arte é que, assim que ela é finalizada, ela sai do
controle do artista e se comunica com cada interlocutor a partir das próprias experiências
de cada um.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirexcelente blog, parabens
ResponderExcluirqueria fazer um pedido, façam o raio-x da The Reincarnation Of Benjamin Breeg por favor
ResponderExcluirse quiser podemos fazer parceria, visitem meu blog
http://pubdorock.blogspot.com/
O seu pensamento final matou a pau... Pra mim achoq ue o unico modo de não viajar nesse Crazy Train e dedicar-se aa si mesmo, correr atras de seus desejos, e não pensar em objetivos... Sente a diferença?
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