segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Raio X: Take no Prisioners - A Guerra Não é Nada Engraçada (parte 1)

 



Tendo uma chance, infiltre-se
Entenda bem, extermine-os
Os Panzers vão permeá-los
Fira o orgulho deles, Denigra-os
E o povo, retroceda-os
Tifo, deteriore-os
Epidemia, Devaste-os
Não faça prisioneiros, queime-os

Indo pra guerra, de-lhes o inferno
Dia D, próxima parada: Normandia
O inicio do fim
Nós sabemos como e com toda certeza iremos ganhar
Guerra é paz, com certeza
Um refúgio para os condenados
Um playground para os dementes
Um abrigo para aqueles que andam neste mundo
Desprovidos de coração e alma
Amor e guerra eles dizem que vale a pena.
Tire a vida dele, mas não leve seu cabelo
O seu corpo tem partes que sua pátria pode dispensar
Aliás garoto, aqui está a sua cadeira de rodas

Ele já teve que ser tudo que poderia ser.
Agora ele não é nada pra ninguém, nenhum lugar pra ver
Engraçado, ele é como eu ou você
É engraçado, engraçado
Lágrimas riscam seu olhar solene
Abandonado aos destroços, ninguém liga
Ninguém sabia o que aconteceria lá.
Ninguém contou, ninguém nem se atreveu
Não pergunte o que você pode fazer pela sua pátria
Pergunte o que a sua pátria pode fazer por você
Não faça prisioneiros, Não leve nada!



Vivemos hoje em tempos de paz relativa, a guerra está mais concentrada em focos específicos, por motivos variados. Após o fim da guerra fria, boa parte do mundo pôde respirar um pouco mais aliviado. Há vários motivos para entrar em guerra e , geralmente, quem participa ativamente dela sai perdendo. É sobre isso que a “Take no Prisioners” do Megadeth trata, e este post também o fará.

Essa música não foi escolhida a toa, além de fazer parte de um dos melhores CDs de heavy metal da história (Rust in Peace), ela apresenta características atípicas para uma faixa de thrash metal. A começar pelo fato de não ter refrão, dando uma sensação maior de argumentação.

Na composição de Take no Prisioners, Dave Mustaine utiliza uma técnica muito interessante para defender seu ponto de vista. Ele começa enfatizando o lado oposto, para, só no fim, mostrar a sua verdadeira opinião. No começo temos a impressão de estarmos ouvindo uma verdadeira marcha em direção ao campo de batalha. A forma em que o vocal e o backing vocal se alternam, imitam muito bem aquelas canções para manter o ritmo da marcha. Claro que já é possível perceber o sarcasmo na letra e ele se intensifica na segunda parte.

É na segunda parte que somos apresentados a guerra que a música trata: a segunda guerra mundial. É interessante a escolha, pois os americanos têm muito orgulho da sua participação nessa guerra e os seus veteranos são vistos como heróis. diferente da guerra do Vietnã, por exemplo, que foi uma guerra muito mais fácil de criticar. Aqui o sarcasmo fica mais evidente, as justificativas a favor do sacrifício de quem se arrisca se alistando são mais exageradas, dando indícios da opinião defendida na letra, que virá mais objetivamente na parte seguinte.



É na terceira parte que o objetivo da música fica absolutamente claro, o problema não são os prisioneiros, nem a tifo, nem se guerra é um playground, o verdadeiro problema são as pessoas e o que é feito delas. A guerra, como dito anteriormente, nunca é bom para que está lá na linha de frente, lá as pessoas são tratadas como números. Como já diria Stalin: Quantidade tem uma qualidade muito própria ("Quantity has a quality all of its own"), na guerra as pessoas são mandadas para morrer. Na segunda guerra mundial, a URSS ganhou praticamentte sozinha no flanco oriental da guerra na Europa e, ao mesmo tempo, foi o país com o maior número de mortes.

Outro bom exemplo para ilustrar o ponto de vista da música é a guerra do Vietnã. Como os EUA estavam defendendo o Vietnã do Sul e não avançando contra o Vietnã do Norte, eles não tinham como medir as vitórias e as derrotas a partir do avanço de território. A única alternativa foi contar o número de mortes. Pensando assim, os EUA estiveram sempre a frente na guerra, mas saíram de lá com o rabo entre as pernas (como é possível ver no vídeo abaixo). Para ganhar uma guerra, nem sempre adianta preservar a vida de seus soldados.



Na segunda parte deste post (clique aqui!), vou analisar outra face da questão, há utilidade em uma guerra? Para quem?

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