quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Férias!!



Como o próprio título indica o blog entrará em um curto período de férias. Essa  não é a época do ano pra ficar na frente do computador lendo textos sem pé e nem cabeça! Além disso, ano que vem, eu poderei me dedicar muito mais ao blog do que posso me dedicar agora, e não gostaria de perder a qualidade apenas para manter as postagens em dia.

Para aqueles que sentirão falta, eu duvido que já tenham lido os 51 posts, que já tenham ouvido os CDs e as músicas indicadas. Essa é a hora!

Continuarei postando eventalmente no Twitter e no Facebook. Parem de ser estrelinhas! Me sigam e curtam a página do FB!

É isso aí! Até janeiro!


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Universo Headbanger: A Feminina e Mística Cultura Celta


Atenção: Este post é melhor apreciado ao som de Tuatha de Danann e Mago de Oz

No post de hoje falarei um pouco da cultura celta e de sua influência no heavy metal. Os celtas foram uma grande civilização que dominou boa parte da Europa ocidental e, assim como os nórdicos, nunca foram totalmente dominados. Aliás, pela forte identificação do povo irlandês e de alguns outros com os celtas, é possível dizer que estão aí até hoje, de certa forma.



Não dá pra falar do imaginário celta apenas como uma mitologia, nem valeria a pena tratá-lo como uma religião e cair no “esoterismo salada” dos nossos dias. Neste post tentarei mostrar que essa força da imagem céltica está em seu simbolismo como inspiração de resistência. Seja na busca de uma volta a um passado lúdico antes do domínio da razão em que o homem se fundia com a natureza, ou na busca de uma espiritualidade fora da lógica monoteísta, patriarcal e dogmática; a cultura celta se mostra como um fenômeno interessante de resgate de uma identidade européia.

Quando falamos dos celtas, estamos nos referindo a um conjunto bem heterogêneo de tribos que engloba os Gauleses, os Galegos, os Belgas e os Bretões, entre outros. É essa abrangência da cultura celta que traz todo esse simbolismo de “volta às origens”. É a ideia de celta que liga a história dos eternos rivais França e Inglaterra. É a própria identidade Celta que dá o nome ao País de Gales, ou que reforçou a resistência católica na Irlanda. Os grupos que se consideram celtas já defendiam a idéia de uma Europa unida antes mesmo da consolidação da União Europeia.

Bem, antes, vou resumir um pouco da mitologia celta em si. Como já dito, os celtas são um grupo heterogêneo e sua mitologia também não é diferente. Os celtas eram politeístas. A lista de divindades é grande e confusa. O conjunto do panteão irlandês é o bem conhecido dos headbangers aqui no Brasil: o “Tuatha dé Danann”, que pode ser traduzido como povo de Danú, ou nação de Danú. Danú seria (numa das versões) a deusa mais poderosa do panteão. Ela é a mãe terra, a deusa da vida e também da morte. Outro deus famoso é o Cernuno, que talvez fosse o marido ou então o filho da própria Danú. Mas essa é só uma versão dele, “Cernuno” é o nome dado a todas as representações celtas de um deus chifrudo.



Outro elemento bastante associado à mitologia celta são as fadas e os duendes. No caso das fadas, provavelmente elas são a versão “politicamente correta” de se tratar deuses pagãos na Europa cristã (outra forma era considerar como demônios mesmo), um povo acostumado a venerar os espíritos da floresta, não vai parar de um dia para o outro (muitos continuam até hoje). Já os Duendes, ao contrário do que eu imaginava, são a galera “do mal” do folclore celta. Eles são os espíritos que fazem as maldades inexplicáveis, tipo uma versão verde do saci pererê, eu acho.

Só que mais importante do que os seres sobrenaturais que eles acreditavam, é a estrutura da sociedade. Os Celtas talvez tenham sido a única civilização matriarcal. Existiram várias outras sociedades matriarcais, mas nenhuma chegou ao status de civilização (se é que os próprios celtas chegaram). Nós vivemos em uma sociedade patriarcal. Ela é baseada na razão, na hierarquia e na força, enquanto a sociedade matriarcal seria baseada no místico, na igualdade e na sexualidade. Os valores matriarcais são muito presentes nas reivindicações de nossa época: A equiparação (não igualdade) entre homens e mulheres, a igualdade de tratamento entre as pessoas e uma proximidade maior com a natureza. Esses valores celtas são bem contemporâneos afinal.

Outra coisa interessante sobre a cultura celta é o druidismo. Os Druidas eram os sacerdotes celtas, principalmente na região da Grã-Bretanha. Fontes Greco-Romanas atribuem a eles práticas de sacrifício humano. Uma ótima interpretação do druidismo está na série “Crônicas de Artur” do inglês Bernard Cornwell. Nestes livros, os druidas (entre eles o próprio Merlin) são o pilar da religião pagã, eles detêm todo conhecimento místico e frequentemente seus poderes são solicitados, inclusive em batalhas. Muito parecido com a ideia dos magos de fantasia, ou mesmo dos bruxos e bruxas das lendas.



Todos esses elementos culturais se mantiveram pelos séculos, principalmente devido às histórias do ciclo arturiano, cujo personagem principal é o fundador mitológico da Inglaterra e cuja história é referência de heroísmo até hoje. Tanto a história do rei Artur quanto a história de Tristão e Isolda têm interpretações ótimas feitas pelo Blind Guardian, vale muito a pena ouvir “A Past and Future Secret“ e “The Maiden And the Minstrel Knight”.

Toda essa idéia de valorização do místico e de volta às origens que vem com o ressurgimento da cultura celta acaba sendo uma forma de protesto à sociedade racionalizada e mecanizada em que vivemos. A razão e, principalmente, a ciência foram sempre grandes promessas de uma humanidade livre e justa. Porém o século XX foi uma grande demonstração da própria irracionalidade que a nossa sociedade estava imersa. No fim das contas, o progresso técnico foi mais útil para criar armas do que para criar soluções.

Claro que essa é uma visão muito parcial (e que eu particularmente tenho minhas ressalvas), porém esse sentimento de busca de um natural místico, de unidade com a natureza e com os nossos instintos, faz com que a apropriação de elementos antigos de uma cultura muito diferente ganhe força. Isso não poderia ser diferente no Heavy Metal.



No Geral, o heavy metal carrega uma forte característica patriarcal; afinal, não é à toa que a grande maioria dos músicos são homens. A Razão e, principalmente, a Força são elementos muito valorizados no estilo como um todo. Porém, há um elemento que ajudou a fundar o Heavy Metal que está muito presente na cultura celta: o misticismo.

O que encanta nas narrativas celtas é a forte presença do sobrenatural. No mundo celta, tudo é vivo. Além disso, a grande heterogeneidade das suas crenças traz certa possibilidade de criação. A própria história do Rei Artur foi contada de diversas formas e assim continuará, pois sempre haverá espaço para novas interpretações do mitológico rei da Bretanha. Esses elementos de criação não seriam ignorados pelo heavy metal tão facilmente.

Mesmo a mitologia celta agregando valores não convencionais ao metal, o principal valor das duas visões de mundo é compartilhado: a liberdade. É inclusive essa liberdade do heavy metal que faz com que um estilo tão marcado por instrumentos potentes e graves se incorporasse a flauta. É essa liberdade que a idéia do renascimento celta traz: A liberdade da subjetividade, de amar antes de entender, de se preocupar com os mais fracos, com os que não têm voz. O toque celta, mesmo que sentimental demais para a dureza do heavy metal, é a comprovação de que o metal é um estilo crítico acima de tudo.


domingo, 4 de dezembro de 2011

Review: The Great Execution - A sexta grande extinção está para chegar.


Quando o heavy metal começou, a sua principal marca era o místico, o obscuro, o terror. Com o tempo, o estilo foi se expandido e várias temáticas se tornaram tão comuns quanto o clássico terror. Porém não é fácil tirar uma identidade tão forte quanto o culto ao medo presente no início do heavy metal. Claro que, com o passar do tempo, as pessoas vão se acostumando com a linguagem do heavy metal e o terror das músicas do Black Sabbath já não são grande coisa (mas musicalmente continuam ótimas). Enquanto algumas bandas adotaram uma linguagem do medo mais light apenas como um aperitivo, outras bandas mais extremas criaram e recriaram novas linguagens para passar esse sentimento. Um ótimo exemplo para ilustrar o que eu estou falando é o CD novo do Krisiun, o “The Great Execution”.



As letras deste CD são muito bem escritas e totalmente incorretas, no bom sentido! Uma das melhores interpretações de uma arena de gladiadores que já ouvi está na faixa Violentia Gladiatore: “Corpos empalados em lanças de ferro, espetáculos de horror / A platéia da arena celebrando as bestas com um massivo rugido”. Isso é light ainda comparado com este trecho da Blood of Lions: “Aqui eu venho na velocidade de um som de assassinato / Cavalgando rápido nas asas de uma guerra infernal / No meu mundo apenas o mal glorifica, os caminhos do caos para purificar”. Tudo isso em meio de riffs muito bem elaborados e linhas de vocal muito bem feitas.

Em meio a essa linguagem extrema há uma forte crítica a humanidade, e o bode expiatório é, como de praxe, o cristianismo. As críticas seguem a linha parecida com as de Nietzsche; como, por exemplo, em um trecho da música que leva o nome do álbum: “Morto é o chamado salvador / A peste de cristo, eterna mentira universal / Colhendo rezas quebradas / Nos campos de engano, decadência e tristeza”. A fraqueza da humildade e a mentira da vida após a morte são outras críticas ao cristianismo presentes no álbum. Além de criticar a religiosidade da humanidade, critica também sua hipocresia e autodestruição, como no trecho da Extinção em Massa: “Atitude extrema / Falha no esquema / Queda no sistema / inverno nuclear / Morte por ganância / O fim por ignorância / A maquina não para / Não para de matar”



O death metal misturado com elementos de thrash metal forma uma das melhores misturas de estilos de metal. Krisiun o faz nesse CD de forma primorosa. As músicas que mais gostei foram a “The Great Execution” e a “Violentia Glatiatore”, mas o CD todo é ótimo. Apesar de não muito aconselhável para pessoas muito religiosas, ou pudicas, o The Great Execution é um dos CDs nacionais que não podem passar em branco na sua playlist.


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Profile: Tente falar "New Wave Of British Heavy Metal" três vezes rápido!


O New Wave of British of Heavy Metal (NWOBHM) é o evento mais importante da história do heavy metal, se ele não tivesse ocorrido, talvez o heavy metal não sobrevivesse os anos 80. Foi esse movimento que trouxe o heavy metal para mídia como um movimento, não como uma sonoridade experimental de algumas bandas. Poucas bandas conseguiram sobreviver até hoje com um sucesso expressivo, mas graças ao NWOBHM o metal proliferou pelo mundo.


Apesar de ser visto como um movimento espontâneo, independente da mídia e de desmandos de gravadoras, houve um jornal que foi determinante para a divulgação do movimento, o periódico se chamava “Sounds”. Esse jornal também foi responsável por cunhar pela primeira vez o termo NWOBHM. Mas, musicalmente falando, se alguém pode ser considerado responsável pelo movimento é o DJ Neal Kay, dono da Soundhouse, clube em que o Iron Maiden fez a sua primeira gravação. Kay foi mentor e incentivador de bandas como Iron Maiden, Saxon, Samson, Angel Witch e Praying Mants. Ele também começou a escrever para sounds artigos sobre as bandas do movimento.

Uma das primeiras bandas do movimento e a mais famosa é o Iron Maiden. Ainda no fim da década de 70 eles lançaram o “The Soundhouse Tapes”. O EP foi gravado de forma independente e sintetiza muito bem o espírito do movimento. Houve muita influência do Punk, a ideia do “Do it yourself” estava presente. O som era mais alto e agressivo do que os antecessores e a influência do blues já não era mais perceptível. Apesar de os músicos do Iron mostrarem ao longo do tempo que eram exímios músicos, nesse momento o importante era o entusiasmo. A sonoridade da banda na era Paul Di’Anno é bem diferente da sonoridade que a banda adotaria depois, mais leve e mais melódica.

O Iron Maiden (e também o Metallica) é, muitas vezes, a banda responsável pelo primeiro contato que as pessoas têm com o heavy metal e isso não é à toa. Além de eles terem sido pioneiros em um dos momentos mais importantes da história do metal, eles conseguiram sair do paradigma do começo dos anos 80 e passou todos esses anos produzindo um som de qualidade. Músicas como "Fear of the Dark" e "The Number of the Beast” estão marcadas na história do rock e são poucos que não as conhecem. A banda também incorporou elementos de História e Literatura em suas composições, abrindo um leque de possibilidades que posteriormente seria adotado por diversas bandas do gênero. A discografia da banda é grande e são muitas músicas ótimas. Além das duas músicas já citadas neste parágrafo, não deixe de ouvir "Holy Smoke" e "Wasted Years”, minhas músicas preferidas da banda.


Apesar do clube Soundhouse, o Iron Maiden e o periódico Sound serem de Londres, o NWOBHM foi um evento que ocorreu simultaneamente em toda Inglaterra. Uma banda da cidade de Sheffield que também ajudou a iniciar o movimento foi o Def Leppard. Eles começaram a fazer seus shows ainda em 1977 e conseguiram uma rápida notoriedade. Porém, quando, em 1980 lançaram seu primeiro disco, o “On Through the Night”, eles se desviaram da idéia do NWOBHM e adotaram uma sonoridade mais acessível, inspirada no hard rock nascente nos EUA. Por mais blasfêmico que isso possa ter parecido na época, foi dessa forma que a banda conseguiu se consagrar na história do rock, atingindo marcas impressionantes, inclusive uma marca no Guinness Book por ter tocado em três continentes em um único  dia! Ouçam "High’n Dry” e "Let’s Get Rocked" que vocês não vão se arrepender.

Outra banda que conseguiu se manter firme até a atualidade foi o Saxon. Entre 79 e 83 a banda lançou cinco álbuns com ótima crítica, sendo que quatro deles conseguiram boas colocações das listas inglesas. Em 1984 a banda lançou o álbum Crusader que, mesmo sendo considerado um dos melhores álbuns da banda, já mostrava uma “americanização” da sonoridade da banda. O NWOBHM foi cruel com as bandas que não souberam se atualizar, poucas tiveram fôlego para chegar aos anos 90 com alguma visibilidade. Talvez essa comercialização do som do Saxon (o mesmo para as mudanças do Iron Maiden e do Def Leppard) tenha sido crucial para o sucesso da banda que está firme e forte até hoje. Ouça "Rock City" e "Surviving Against the Odds”!


Uma das bandas desse movimento que mais influenciou o que viria posteriormente foi o Venom. Muitas vezes vistos como os pais do metal extremo, o Venom foi a primeira banda a usar temas satânicos com um papel de destaque em suas composições. O resultado disso é meio óbvio, aclamados por fãs de metal pesado, mas duramente criticados pela crítica, o Venom não conseguiu alcançar o mesmo patamar das outras bandas citadas aqui. Mas não é nada mal ficar marcado na história como a inspiração para o Black e o Death Metal! "Processed” e "Sadist” são minhas indicações.

Muitas bandas fizeram parte desse movimento que, temos que admitir, é datado. As bandas que realmente conseguiram superar o início dos anos 80 e deixar sua marca na história do rock foram aquelas que encontraram uma identidade própria ainda no começo da década. Apesar de breve, o NWOBHM influenciou praticamente tudo que foi produzido de heavy metal nos anos 80, do power metal até o black metal. Para quem quer entender melhor a sonoridade do movimento, a compilação New Wave of British Heavy Metal '79 Revisited é um CD bem legal, vale a pena!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Raio X: The Land’s Revenge – A “Terra” dá voltas!


Olá leitores! Hoje quem “vos posta” sou eu, chamo Guilherme Euripedes, amigo do Vinícius de tempos inacabados e pedi espaço aqui no Filosofia Metal pra tirar um pouco do preto e acrescentar um pouco de verde nesse Heavy Metal aqui! Espero que gostem do post, reflitam e comentem sobre. Salute!

 

Eu me lembro quando este jogo começou há muito tempo atrás
Nossa relação era muito melhor do que é hoje
Antes havia muito respeito por ambas as partes do jogo
Agora parece que vocês esqueceram tudo isso.

Vocês têm ido muito longe sem olhar para trás
Vocês precisam se lembrar: sem mim suas vidas decairão

Eu pensei que vocês pudessem aprender com as coisas que se passaram
Eu estava esperançosa por uma estrada de beleza eterna
Agora é minha vez de lhe mostrar quão forte é minha vingança
Sem meu carinho e meu amor vocês cairão. Vocês vão ver.

Seria tão fácil para ambos se vivêssemos bem
E eu nunca lhe pedi muito – Nunca, Nunca...
Apenas pedi por atenção, união, amor e parceria
Vocês vêm matando partes de mim dia após dia

Rios, mares, lagos vocês têm sujado,
Madeira, árvores, animais vocês têm matado
Por que você não tira de mim apenas o que precisa?
Nossa existência seria maravilhosa meu amigo...

Esse é o último aviso que eu lhe dou:
Mude o modo que você age
Na terra eu estou.

Esse é o último aviso que eu lhe dou:
Mude o modo que você age
Na terra eu estou.





Quem de nós que nunca parou pra pensar sobre Sustentabilidade, futuro da humanidade na Terra e futuro da Terra com a humanidade que atire a primeira pedra.

Um dos assuntos TOP 3, ou mesmo TOP 1, das discussões políticas/econômicas mundiais é a questão do Desenvolvimento Sustentável, ou como hoje tem sido generalizado, Sustentabilidade.

Creio que uma introdução ao assunto seja desnecessária, já que se estão sendo capazes de ler este post num site da Internet, certamente em algum momento já foram de alguma forma inseridos a este assunto. Não saber que não só a Empresa X, mas o Mundo carece de um plano de Desenvolvimento Sustentável é como nunca ter ouvido falar dos famosos Beatles, ou de um homem menos famoso, Jesus.

Qualquer coisa pode ser considerada ou não “sustentável” e existem alguns fatores que conceituam algo como tal, o: economicamente viável, socialmente justo, culturalmente diverso e o ecologicamente correto. E é sobre este último principalmente que o Tuatha de Danann vem retratar com esta música.

Claramente “The Land’s Revenge” vem para dar um recado muito importante pela própria Mãe Natureza. Como mostrado nas últimas estrofes, se não mudarmos nosso jeito de agir, conheceremos de fato a “vingança da terra”.

Voltamos nossa atenção para temas como o Aquecimento Global, Camada de Ozônio e Efeito Estufa, problemas mais “palpáveis” e controversos, afinal muito cientistas afirmam que os ambientalistas, ONGs, Governos e outros cientistas estão exagerando quanto à grandiosidade do problema e, não suficiente, chegam a declarar que este é um problema pequeno comparado com o que o Planeta já passou. De fato é sim... O Planeta já passou por momentos mais difíceis, mas o que me assusta é como o Planeta vai resolver isto. Porque o problema não são os assuntos estudados, mas sim aqueles que estudam. O problema somos nós. Seres Humanos.

Não tiro a razão dos que dizem que o clima da Terra se move em ciclos e o aquecimento global é um fenômeno natural e normal. Mas outros problemas como a impermeabilização desprogramada do solo, despejo de dejetos químicos e tóxicos nos ar e na água, desmatamento acelerado, exacerbado e descontrolado, destruição de habitats naturais (consequentemente a dizimação da biodiversidade), derramamento de petróleo no mar... entre dezenas de outros problemas ambientais NÃO são naturais, portanto não são previstos pela Mãe Natureza, e assim ela não vai saber remediar.



Ouvindo a música e acompanhando sua voz, melodia e ritmo nos sentimos como transportados para as épocas onde o homem vivia ainda em clãs nômades, em perfeita comunhão com a natureza, tratando-a como deusa e respeitando suas necessidades. Mas com o constante progresso, principalmente após as Revoluções Industriais, vemos esse “jogo” saindo do equilíbrio e a corda sendo puxada mais forte por nós, seres humanos, juntamente com a música aumentando sua velocidade e deixando o clima mais pesado, como agora quando lemos as notícias na internet/jornal. Mas lembre-se, a corda sempre quebra do lado mais fraco, e acreditem, o lado mais fraco somos nós. Essa “mãe” não vai ter dó de expulsar o filho de casa por desobediência...

Acreditamos sermos não somente parte do mundo, mas chegamos notadamente ao ponto de agirmos como soberanos tiranos do planeta, escravizando outras formas de vida a nosso bel prazer, não somente para sobrevivermos. Insistimos em caçar animais por esporte ou em sua época de procriação, torturá-los para a doma ou para o entretenimento, arrancarmos sua pele ainda em vida, e acabamos com seu habitat natural, forçando-os a se adaptarem a viverem de formas adversas a sua natureza. Há poucos anos atrás condenávamos um homem que tratava uma outra etnia humana como animais, e hoje tratamos da mesma forma os próprios animais. O que antes era “Nazismo” hoje chamamos “Especismo”.

Será que estamos no caminho certo esquecendo nosso passado e negligenciando nosso futuro? Vendo pelo ponto de vista material ou espiritual, já passou da hora de voltarmos ao equilíbrio natural e rumarmos juntos com a Mãe por uma estrada bela e eterna. Sem ela com certeza decairemos mais ainda. O mundo dá voltas... a Terra há de se vingar.


Guilherme Euripedes tem um Blog chamado Live to Live For, que trata apenas de pensamento e poemas pessoais. Visitem! www.livetolivefor.blogspot.com



domingo, 27 de novembro de 2011

Review: Break the Silence - O CD no qual você pode cantar junto com os riffs!


O heavy metal é um estilo bem estigmatizado. Quem não o conhece muito bem, muitas vezes já imagina que é tudo meio barulhento e parecido. É muito comum alguém que não goste de rock não dar uma chance a uma banda se ela for de heavy metal, mesmo que essa banda faça um som bem acessível. Há, também, muito tempo que a música erudita saiu do cardápio da maioria das pessoas. Alguns poderiam dizer que esse tipo de sonoridade envelheceu. Claro que quem acredita nisso não ouve metal, muito menos Van Canto!



Van Canto é uma banda de Power Metal que usa o jeito “a capella” de se fazer música para causar um efeito épico foda. Graças a isso ficaram até que conhecidos devido aos ótimos covers de músicas de bandas de metal famosas. Mas, mesmo com toda essa peculiaridade, as músicas de composição própria são ótimas! Isso fica bem claro no CD da Banda o “Break the Silence”

O CD é uma mescla de covers e composições próprias. Acho que nos covers a falta da guitarra tira um pouco do peso das músicas, devido a isso as músicas mais leves combinam mais, como na Bed of Nails (melhor música do Alice Cooper, na minha opinião)  ou na Master of the Wind, que aliás ficou melhor que a versão original do Manowar e é uma das melhores músicas do Break the Silence. Mas a jóia do CD são as composições próprias. Pelo fato de ter vário bons vocalistas, eles podem criar diversas sonoridades que dão ao álbum um clima épico difícil de alcançar.



Entre Covers e músicas próprias, as recomendadas são a “If I Die in Battle”, a “Primo Victoria” e a “Neuer Wind”. Eu admito que tenho um defeito: dificilmente eu gosto de “baladinhas”, mas há exceções e normalmente envolvem um bom vocal, e não há banda melhor para eu abrir uma exceção do que o Van Canto com a sua “Spelles in Water”, foda. A banda não perde em nada por sua diferenciação, o que falta em peso, sobra em criatividade, Break the Silence é um CD que você não pode deixar de ouvir!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Raio X: Face the Emptiness - A história acabou antes mesmo de começar


 

A história acabou
Está finalizada, acabada
O sonho que você teve
Desapareceu na neblina

Parado na frente
Das ruinas do que você construiu
Chocado até os ossos
E esmagado

Quando gigantes caem e anjos choram
Você sabe – É difícil salvar o dia

A última palavra já está dita e feita
A história acaba onde ela começa
Você tem que encarar o vazio
Não tem como argumentar
Não tem como modificar
Você sabe
É aí que a chuva cai

Não há dúvida que você está acabado
A história termina sem nem começar
Venha e encare o vazio
Não há como se esconder
Você não pode correr, tem de ficar
Parado e assistir
A chuva caindo

Quanto mais alto você coloca seus objetivos
Mais fundo você pode cair
Algumas vezes a vida
Simplesmente não é Justa

Você é um guerreiro incansável
Você se levanta quando cai
Mesmos se você
Não conseguir entender ainda

A última palavra já está dita e feita
A história acaba onde ela começa
Você tem que encarar o vazio
Não tem como argumentar
Não tem como modificar
Você sabe
É aí que a chuva cai

Não há dúvida que você está acabado
A história termina sem nem começar
Venha e encare o vazio
Não há como se esconder
Você não pode correr, tem de ficar
Parado e assistir
A chuva caindo



Já vou me desculpando antecipadamente pela letra depressiva, mas considero que a mensagem passada na "Face the Emptiness" do Primal Fear vale a pena ser ouvida. Esse tipo de mensagem mais pessimista (ou realista, como acredito) é raro no Power Metal, normalmente, em músicas mais reflexivas do estilo, ou as músicas fomentam um sentimento de revolta, ou tentam te mostrar um lado positivo de algum tipo de aflição.

Quando estava traduzindo esta música, pensei seriamente em usar a palavra “estória” no lugar de “histórica” já que no inglês há a diferenciação entre history (disciplina que estuda o passado) e story (conto), mas percebi que ele mistura esses dois conceitos durante a música, como na ótima frase repetida na série Battlestar Galactica: All this has happened before, and all of it will happen again (tudo isso já aconteceu antes e tudo isso vai acontecer de novo). A música é uma repetição da mesma ideia: “encare o vazio, a hi(e)stória acaba antes de começar”. Mas essa ideia não é tão simples e é muito carregada de significado.



A música já começa falando que a história acabou, que os sonhos se perderam, que as ruinas do seu passado te esmagam; a música não te deixa nem respirar e já vai jogando pessimismo em você. Mas, pare para pensar, você deve ter vários planos e sonhos para seu futuro, principalmente se você for jovem. Mesmo que você seja o tipo de pessoa que vive o presente intensamente e deixa para se preocupar com o futuro só no futuro, não há como não criar grandes expectativas para o dia de amanhã. Não importa em qual área da sua vida você deposite sua confiança, você acredita que algo de bom está reservado para você, que você merece. Mas, mesmo que todas essas coisas se realizem, elas nunca são como imaginávamos, mesmo que já esperássemos, os problemas que surgem decorrentes de um futuro de sucesso (não importa em que esfera da vida) nunca são 100% previstos. É como se a angústia que tentamos aliviar hoje fosse irremediável.

Se mesmo quando as coisas ocorrem da forma que esperávamos não consigamos nos livrar da angústia; quando elas não acontecem, ou pior, quando os nossos sonhos ocorrem do avesso, esse sentimento de angústia se apodera da nossa alma e começamos a procurar um sentido para essas dificuldades, uma explicação. Apesar de, eventualmente, essa angústia se transformar em patologias, com o tempo acabamos cometendo os mesmos erros e sofrendo as mesmas decepções.



Há um momento em que se percebe na música a linha de pensamento para sustentar toda essa amargura, é o trecho: “Quando gigantes caem e anjos choram / Você sabe – É difícil salvar o dia”. Sempre estamos tentando salvar o dia, nem que seja só o nosso; mas nos frustramos, afinal não somos gigantes, muito menos anjos. Mesmo que você decida se alienar dos problemas a sua volta, pelo menos os seus problemas acabam, eventualmente, te revoltando.

Uma vez eu passei por uma situação que exemplifica bem esse sentimento de revolta despropositada. Certa vez, enquanto eu navegava na internet, me deparei com a notícia que em represália a ataques terroristas, o governo israelense havia atacado a faixa de gaza e deixado 1300 mortos e mais de 5.000 feridos. Aquilo era inaceitável! Claramente um ato condenável. Pelas imagens reproduzidas na reportagem que eu lia, os alvos principais eram civis; que, aliás, já sofriam o suficiente por viver como refugiados dentro de sua própria terra. A sensação de que eu precisava fazer algo para mudar aquela situação me preencheu como nunca antes uma notícia sobre algo em outro país havia feito. E era importante que eu fizesse algo que realmente interferisse; mas, em poucos segundos, eu percebi que aquilo não me pertencia e que eu estava fadado a tentar conscientizar as pessoas próximas a mim dos horrores acontecidos naquela região.



O sentimento que veio quando eu caí na real, é parecido com o que a música te aconselha a encarar. Mesmo que haja uma consciência responsável pelos rumos que o universo toma, ninguém é capaz de compreendê-los. Você não pode deixar essa angústia de que algo está faltando escondida dentro de ilusões, pois assim você nunca aprenderá a lidar com ela. Os momentos de angústia têm que ser aproveitados, pois é quando você está realmente angustiado, que você tem coragem de refletir sobre as suas ações. Quando as coisas parecem dar certo, talvez você tenha a ilusão de que está seguindo um caminho seguro, ou que algo no universo está olhando por você e te protegendo da imperfeição da vida. Mas quando isso não se confirma, é difícil se reerguer e recomeçar depois de toda a decepção.

Uma técnica legal que os caras usaram na letra para te causar estranhamento é escrever a letra falando direto com o interlocutor, toda música passa a mensagem para “você”, enquanto normalmente em questões mais abrangentes e determinantes o normal é falar para “nós”. Aparentemente o objetivo é chamar para reflexão, e eu também tentei usar essa técnica nesse texto, espero que não tenha sido muita pretensão.

Se aprendermos (agora parei de falar só de você) a lidar com a angústia, a encarar o vazio de nossa alma, entender que ele é parte estrutural de nossa mente; talvez consigamos traçar caminhos mais inusitados para a nós, formas mais realistas de enfrentar as dificuldades. Mesmo nos momentos de euforia, aprender a evitar as ilusões, evitar esconder a angústia no nosso subconsciente, talvez nos prepare para quando tivermos que cair na real.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Storyteller: Blind Guardian – Bard’s Song

 

Olá leitor, quem escreve é Bruno Almeida, sou amigo do Vinicius há tanto tempo quanto posso lembrar, estou escrevendo meu primeiro texto no seu blog e espero que todos gostem. Na realidade proponho mais que um texto, quero criar uma experiência. Gosto muito de escrita artística, criar contos e coisas assim, e essa será minha contribuição ao blog. Mais uma vez, espero que gostem.

bard

O alvoroço era constante e as pessoas se amontoavam ao redor de mesas, havia todo tipo delas, dos lugares mais longínquos: homens do sul, do norte, pessoas que não sei dizer bem ao certo da onde eram. Já estava ali há algum tempo e encostado em um canto da bancada apenas observava; pessoas em cima da mesa, com canecos levantados ao alto, entoando canções de suas regiões; homens gritando e simulando o que seria um abate de um grande animal; pessoas se empurrando, se estranhando, rindo e bebendo. Até que aconteceu. Ao meu lado ele passou ainda tímido, me pediu licença com sua mão e atravessou todo aquele mar de gente em direção ao que seria um protótipo, mal acabado, de um palanque.

O homem subiu na estrutura e sentou em uma cadeira que estava a aguardar por ele. O salão se calou ao vislumbrar sua presença. Lentamente o tumulto se tornou um murmúrio, para então se calar secamente e o único ruído que restara era o vento frio do inverno que assobiava nas janelas. O homem retirou seu instrumento de corda de uma mochila de couro. Olhou atentamente ao rosto de cada um, posicionou suas mãos e então começou sua canção.

Introdução violão

Agora todos irão conhecer
Os bardos e suas canções
Quando as horas se passarem
Eu fecharei meus olhos
Em um mundo distante
Nós poderemos nos encontrar novamente
Mas agora ouça minha canção
Sobre o surgimento da noite
Vamos cantar a canção dos bardos

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A música falava de heróis do passado. Heróis que viveram as mais revoltas aventuras, em lugares tão gélidos quanto as montanhas do sul, até lugares tão áridos quanto os desertos do oeste. Ascendia os espíritos dos corajosos heróis, nos lembrava dos seus grandes sacrifícios, das batalhas mortais e dos dolorosos fardos. Os heróis se foram, mas seus feitos ficaram imortalizados nas canções dos bardos.

Não sabemos o nome daquele que canta e nem ele quer que saibamos. Não se atente aos detalhes, não o julgue e não pergunte, apenas ouça e viaje em seus contos. Seus mitos não foram escritos e jamais serão, suas parábolas devem ser entoadas por aqueles que revivem os momentos através da música. Portanto, apenas ouça.

solo violão

Existe apenas uma canção
que está em minha mente
Contos de homens corajosos
Que viveram longe daqui
Agora as canções dos bardos terminaram
E é tempo de partir
Ninguém te perguntará pelo nome
Daquele
Que conta a história

O amanhã nos levará para longe
Distante de casa
Ninguém nunca sequer saberá nossos nomes
Mas as canções dos Bardos vão permanecer
Amanhã tudo será conhecido
E você não está sozinho
Então não tenha medo
No escuro e no frio
Porque as canções dos Bardos irão permanecer
Todas elas irão permanecer

Se de súbito a música começou, inesperadamente também terminou. As notas ressoavam ainda na madeira velha que estava em todo lado, um espírito da música continuara mesmo após seu fim. Os olhos ainda atentos de seus ouvintes imploravam por mais alguns acordes, mas eu entendo por que a música teve de cessar, eu ainda quero aquelas fábulas e jamais as esquecerei, pois eu sei... Sei que queria viver aquelas histórias.

Em meus pensamentos e em meus sonhos
Estão sempre em minha mente
Aquelas canções de hobbits, anões e homens
e elfos
Venha, feche seus olhos
Você pode vê-las também

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