Ligo a TV
porque não tenho para onde ir
Parece que
tiveram um problema lá no México
Um garoto de
13 anos roubou uma loja pra ter o que comer
Eles o
pegaram fazendo hora enquanto assassinos andam pelas ruas
Um político
esfomeado é como um lobo a sua porta
Determinado
em submissão e se alimentando dos pobres
Poderíamos
ver o sol se nós abríssemos nossos olhos
Mas nós nos
pintamos em um canto colorido com mentiras brancas
Estourado em
uma pilha de pedra, se empoeirando no calor
Algemado ao
sistema e arrastando os meus pés
Eu sou
conduzido por um colapso
Outra submissão
a extorsão branca
Sinto-me
como se vivesse em uma gangue de cadeia
Eu sou
conduzido por um colapso
Uma submissão
suicida
Sinto-me
como se vivesse em uma gangue de cadeia
A
instituição de um picareta pode te livrar de seus pecados
Mande a sua
contribuição e ele salvará a sua alma hoje
O que ele
pode saber? Ele passou pelo inferno e voltou?
Ele pega a
grana e a leva pra casa em seu Cadillac novo em folha
Cuspindo no
cão de guarda, queimando em sua parte maligna
Gritando no trlho sem ninguém no volante
Eu sou
conduzido por um colapso
Outra submissão
a extorsão branca
Sinto-me
como se vivesse em uma gangue de cadeia
Eu sou
conduzido por um colapso
Uma submissão
suicida
Sinto-me
como se vivesse em uma gangue de cadeia
Cura pela fé,
superstição
Mente
criminosa de sangue frio
Gozando em
alta posição
Ei irmão
você pode arranjar uma moeda
Para me
tirar dessa linha de assassinato?
Eu sou
conduzido por um colapso
Outra submissão
a extorsão branca
Sinto-me
como se vivesse em uma gangue de cadeia
Eu sou
conduzido por um colapso
Uma submissão
suicida
Sinto-me
como se vivesse em uma gangue de cadeia
Pela primeira vez analisarei uma música de Hard Rock por aqui. O Hard
Rock dos anos 80 foi marcado pela sua extravagância e pela filosofia do "sexo,
drogas e rock ‘n’ roll". Com forte marca comercial, as bandas americanas que
dominaram a cena naquela década precisavam de certo nível de alienação. Mas no
fim desta era, algumas bandas apareceram com forte marca contestadora, entre
elas estava o Skid Row. Esses caras não eram de medir palavras e a "Livin’ on a
Chain Gang" resume bem o espírito da banda.
É legal a simbologia, que também foi usada na “Paradise” do
Stratovarius, na qual o narrador começa assistindo TV. Essa caixa mágica parece
ser colocada como a nossa janela para realidade, o que realmente está
acontecendo é o que passa dentro dela e não no mundo a nossa volta. Como a
música fala do sentimento de prisão gerado pela sociedade, a própria relação que a TV tem com a gente
já é uma das correntes que prendem nossos pés.
O exemplo do garoto que rouba comida e é prontamente preso, mas os
verdadeiros bandidos estão soltos por aí, é clássica. A grande reflexão desse
exemplo é: para quem serve a justiça? É impossível criar um
consenso em relação às noções de justiça, mas é muito mais fácil policiar aqueles
que não têm defesa, do que os “assassinos”
que agem por vias muito mais complexas. Estes assassinos citados na música, não me
parecem ser os assassinos comuns que matam com uma arma ou algo do tipo. Esses
assassinos devem ser aqueles que as suas decisões destroem a vida de muitos,
tanto causando a morte de pessoas, quanto destruindo as perspectivas delas.
Esses assassinos são os políticos, os empresários, os líderes religiosos etc.
Essa justiça que só pune quem não tem influência é outra das correntes.
Quando a música começa a falar de política, a crítica vai direto para
as pessoas que participam dela. A forma como funciona o sistema democrático contemporâneo
acaba gerando políticos profissionais. Trazendo a reflexão para o Brasil, as coisas
ficam ainda mais claras quando vemos que temos, em todo país, mais de um milhão
de cargos de confiança na máquina estatal. Os partidos políticos começam a
depender do poder para manter seus filiados em seus empregos. Não há mais
espaço para visões políticas, o grande objetivo dos grandes partidos, na maior
parte do mundo, é simplesmente chegar e se manter no poder. É isso que explica a centralização ideológica dos
partidos políticos nos sistemas democráticos atuais, quanto mais nichos
políticos o programa do partido abarcar, mais votos ele conquistará. Isso acaba
afastando da política as pessoas idealistas e atrai pessoas que querem
simplesmente um emprego. Esse sistema em que somos governados por políticos
especializados em manter as coisas como estão, é mais uma das correntes
apresentadas pela música.
Após o refrão, a música ataca a relação deturpada que as pessoas têm
com a fé hoje em dia. A religião sempre se misturou com o Estado, mas com as
revoluções liberais que separaram as duas coisas, o paradigma religioso precisou
ser reinventado. As grandes religiões se mantém pela tradição e pelos costumes, mas, mesmo perdendo o seu espaço, ainda exercem um poder de influencia
considerável. Esse vazio religioso deixado pelo mundo laico, muitas vezes é
aproveitado por bandidos que se abusam da boa vontade das pessoas e rouba o
dinheiro delas. Em algumas religiões mais novas, normalmente cristãs, há uma
relação de troca entre a doação e o milagre. É como se a quantidade de dinheiro
doado pra igreja influenciasse na qualidade do milagre. Esses caras pegam as
pessoas pelo inconsciente, a pessoa não acha que está “comprando” um milagre,
mas acha que a melhor forma de comprovar a sua fé é se desprender do dinheiro
por Deus e a melhor forma de comprovar isso é doando. Mas, como vivemos em uma
sociedade que tudo é medido pelo dinheiro, o que atrai um grande número de
pessoas para essas seitas, é a possibilidade de comprar o milagre como se
estivesse em um mercado. Essa religiosidade atual que muitas vezes trata a fé
pela ótica do mercado é mais uma corrente denunciada pela letra.
A metáfora da música fica clara: a sociedade está tão deturpada, que é
como se estivéssemos sobre regime carcerário. O trecho “Poderíamos ver o sol se
nós abríssemos nossos olhos / Mas nós nos pintamos em um canto colorido com
mentiras brancas” é o resumo da mensagem da música. Nós criamos tantas regras e
somos coniventes com tantas injustiças que nos perdemos em nossas próprias
escolhas. Se as pessoas tivessem a consciência de tudo o que permeia as suas
relações, talvez a vida pudesse se concretizar de forma plena. As correntes que
prendem nossos pés estão muito bem presas, se não começarmos a serrá-las logo,
nunca conseguiremos nos libertar.
Poxa, cara. Post muito bom. Escolha de uma boa banda e de uma música que além de enérgica tem uma boa letra. É hard rock, mas dá pra sentir uma pegada mais punk no jeito como o Skid Row fazia música. Quantos às questões, está tudo interligado. A Tv impulsiona em você vontades que nem sempre você é capaz de sustentar como também é meio de enganação do governo fazendo com que os veículos de mídia sejam tendeciosos pra o lado deles. Nunca você sabe o que um político tá aprontando de verdade, pois na tv você só vê ponto x ou y da questão. Em meio a isso tudo, as pessoas de menos esclarecimento se sentem fracas e encontram em seus caminhos pastores, padres ou seja lá o que prometendo a salvação a qualquer custo. E lá vai você se largar de tudo o que você tem acreditando ser possessão do demônio enquanto eles levam lá pra fora malas e malas de dinheiro, cobram o dízimo como um agiota cobra um dinheiro emprestado. Sinceramente, hoje é impossível acreditar em tv, políticos e religião. Todos estão interligados.
ResponderExcluirObrigado pela visita ao blog ontem. Continue aparecendo, pois muitas novidades irão surgir.
=**, Jowzinha
Muito bom. Dentro da analogia da TV, onde o que passa na TV é a realidade e não o que acontece a volta. Note que nas grandes igrejas, independente do nome ou da crendice, a "TV" é a própria IGREJA, onde a realidade é apenas o que acontece ali. Muito "fieis" se desfazem do pouco que tem doando para igreja, sonhando que está garantindo seu lugar junto de DEUS e fecha os olhos para quem realmente precisa. Sempre digo se vc quer praticar desapego, pratique com quem passa alguma necessidade e não com a Igreja.
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